terça-feira, 13 de março de 2012

Superfícies ripadas, generosas áreas de estar e o padrão lúdico dos blocos de vidros marcam o projeto desse centro de capacitação profissional

As faces envidraçadas do foyer do auditório permitem a visualização através do lote
As faces envidraçadas do foyer do auditório permitem a visualização através do lote
Educação para professores no jardim
Uma das tarefas da arquiteta Ana Carolina Penna no projeto deste centro de capacitação dos profissionais da educação de São Caetano do Sul, em São Paulo, foi ajustar a escala do programa - para mais - ao potencial regional do empreendimento. Ensino e reunião dos professores da rede municipal são apenas parte das atribuições da instituição, que conta ainda com um auditório para 450 pessoas e espaços de estar e pesquisa.
Autora, com Fábio Galvão, do projeto de uma escola municipal em São Caetano do Sul, Ana Carolina Penna destaca a prática recorrente na região de otimizar o uso dos equipamentos públicos através da interação com a comunidade ou da promoção de eventos de diferentes secretarias.
Em vez da meia dúzia de salas de aulas vislumbradas no início do processo do Centro de Formação dos Profissionais da Educação, a arquiteta identificou a demanda por generosos espaços de reunião - há encontros de que participam todos os professores da rede municipal -, um auditório maior, além de oficinas, biblioteca e áreas de estar para o estudo individual. “É como uma casa para os professores”, ela assinala.
O belo terreno de pouco mais de 6 mil metros quadrados foi aproveitado ao máximo em termos de área e desfrute da paisagem natural.
Seu eixo longitudinal, em aclive, estrutura a passagem da zona de urbanidade densa para a de uso mais reservado, respectivamente nas porções sul e norte do lote, onde estão localizados o auditório e as salas de aulas.
O primeiro é limítrofe a uma via de tráfego intenso, enquanto o setor de ensino faz divisa com o bairro residencial, fato devidamente assinalado pelo traçado e pela escala do jardim frontal, que serve como uma antessala para o centro de estudos.
Havia no terreno duas linhas arborizadas que, incorporadas ao projeto, acabaram por orientar a adoção do partido de setorização em torno de um pátio central.
Assim, o complexo educacional se desenvolve através de um par de construções paralelas entre si, uma delas caracterizada pela volumetria pavilhonar, na faixa entre os dois jardins, e a outra, na cota inferior, pelo volume deslocado do auditório.
A passagem da cota inferior para a térrea ocorre através de rampa, que conforma um deque em uma de suas extremidades
A passagem da cota inferior para a térrea ocorre através de rampa, que conforma um deque em uma de suas extremidades
Blocos envidraçados foram posicionados assimetricamente pela fachada lateral
Blocos envidraçados foram posicionados assimetricamente pela fachada lateral
Vista do foyer em direção ao pátio central
Vista do foyer em direção ao pátio central
A fachada interna da edificação das salas de aulas tem 20 metros de largura
A fachada interna da edificação das salas de aulas tem 20 metros de largura
Ambas as edificações ocupam a largura total do lote, pois, na interface com as vias lindeiras, o projeto cedeu seus recuos obrigatórios - e um pouco mais de área até - ao passeio público.
Trata-se do ajuste necessário da escala do empreendimento à acanhada morfologia do entorno, onde são recorrentes calçadas de 1,5 metro de largura, e, além do mais, uma estratégia para a mínima contenção da área de uso privativo.
Em outras palavras, as próprias construções fazem as vezes dos paradigmáticos muros ou grades de proteção que acabam por minguar o ideal de espaço público animador de propostas de programas similares.
Entrada principal do complexo, com destaque para os grandes caixilhos e o desenho lúdico da paginação das pequenas janelas laterais
Entrada principal do complexo, com destaque para os grandes caixilhos e o desenho lúdico da paginação das pequenas janelas laterais
Um grande foyer faz a transição das salas de aulas para o pátio interno. Ele abriga volumes independentes, como o da sala elevada de reuniões, no centro
Um grande foyer faz a transição das salas de aulas para o pátio interno. Ele abriga volumes independentes, como o da sala elevada de reuniões, no centro
Duas portas acima, duas na lateral e uma na cota inferior resolvem os acessos externos ao complexo, seja no cotidiano institucional, em datas festivas ou durante a realização de grandes eventos. Um dos méritos do projeto foi equacionar, com conforto, uma transição estanque do exterior para o interior.
Entre os elementos arquitetônicos, qualificam o projeto as esquadrias de pé-direito total, que desenham uma bela vitrine interna com vista para o pátio ajardinado; as generosas áreas de estar, cobertas, que intermedeiam os volumes internos ocupados pelas salas de aulas, biblioteca, salas de reuniões e de estudos; as superfícies ripadas que filtram as visuais; o percurso contínuo proporcionado pela adequação da arquitetura às cotas de nível do lote; e o padrão lúdico dos blocos com vidro que pontuam irregularmente a grande face lateral.
No início de novembro, após a cerimônia oficial de inauguração do complexo, Carolina comemorou ter “acertado a escala do projeto, que absorveu uma pequena multidão tranquilamente”.


O fluxo reservado dos professores é setorizado pelo painel ripado contínuo, sobre o qual pequenas passarelas dão acesso à sala de reuniões e à área de estudos sobre a biblioteca
O fluxo reservado dos professores é setorizado pelo painel ripado contínuo, sobre o qual pequenas passarelas dão acesso à sala de reuniões e à área de estudos sobre a biblioteca


Fonte: Arco Web

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