segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Elementos tradicionais da arquitetura mourisca, adaptados à linguagem contemporânea dão o tom a restaurante em São Paulo

Muxarabi filtra luz e determina identidade do restaurante
O muxarabi filtra a luz e a visibilidade para o exterior, além de determinar a identidade do restaurante
Sombras se fundem em jogo de tramas
Elementos tradicionais da arquitetura mourisca, adaptados à linguagem contemporânea com sutileza, dão o tom ao restaurante de culinária árabe Manish, em São Paulo. O mais evidente deles é o muxarabi de desenho impactante. Ele não só promove a integração entre a casa e a cidade, como dá identidade ao restaurante, ajuda a filtrar os ruídos da avenida e ainda protagoniza o jogo de sombras em constante movimento que marca as áreas internas.
O projeto dos arquitetos Carol Kaphan Zullo, Omar Mohamad Dalank e Victor Oliveira Castro foi selecionado dentre três propostas arquitetônicas que concorreram para dar continuidade às obras então já iniciadas do restaurante Manish.
“Os clientes pediam algo simples e elegante, sem ser ostensivo, e de identidade forte, para se tornar uma referência na região”, explica Carol. “Foi uma imagem eletrônica da varanda com o muxarabi que levou à escolha do nosso trabalho”, destaca Dalank.
As obras executadas anteriormente incluíam contrapiso, estrutura e cobertura e já haviam consumido boa parte da verba prevista, condição que exigiu dos autores racionalidade, extraindo o máximo de um mínimo de elementos. “Alcançamos essa meta e aquilo que desenhamos foi totalmente executado”, detalha Castro.
Mobiliário em evidência
A varanda está 50 centímetros acima do nível da calçada, condição que coloca o mobiliário em evidência
Mobiliário foi desenhado pelos arquitetos com exceção das cadeiras
Com exceção das cadeiras, o mobiliário foi desenhado pelos arquitetos e executado com madeira de demolição
Pendentes artesanais contribuem para o jogo de sombras entrelaçadas
Os pendentes artesanais contribuem para o jogo de sombras entrelaçadas. Eles foram criados especialmente para este projeto
O trio ficou responsável pelas fachadas e áreas de acesso público - com capacidade para 93 pessoas -, divididas entre varanda, bar, salão e banheiros.
Para esses espaços existem três layouts predeterminados, que podem ser adotados rapidamente, conforme a quantidade de frequentadores no local.
Com exceção das cadeiras, os arquitetos desenharam todo o mobiliário, que foi construído com madeira de demolição e ganhou rodízios para facilitar o deslocamento.
O elemento que dá a forte identidade desejada é o muxarabi de concreto geopolímero (concreto com agregado de mineral de sílica para dar melhor acabamento e mais resistência). Ele protege a face frontal, voltada para o leste e para uma avenida do bairro do Itaim Bibi.
De desenho impactante, foi inspirado na composição elegante que os arquitetos Howard Ashley, Hisham Al Bakri e Baharuddin Kassim desenvolveram para a Mesquita Nacional da Malásia, construída na década de 1960 em Kuala Lumpur.
Além de transformar a construção em referência local e manter a vista para a rua, o muxarabi tem a função de filtrar os ruídos do tráfego de automóveis.
Ele também protagoniza o jogo de sombras no interior, ao lado de luminárias pendentes com tramas artesanais, criadas especialmente para o projeto.
Internamente, o muxarabi é protegido por grandes panos de vidro com 12 milímetros de espessura, 3,4 metros de altura e larguras que podem chegar a até 1,30 metro.
Sem caixilhos, esses painéis pesam aproximadamente 125 quilos cada e podem ser abertos para ventilar o ambiente, condição que dispensou a necessidade de equipamentos de ar condicionado.
Outro elemento da arquitetura árabe referenciado no projeto é o pátio interno, aqui definido como a área sob rasgo longitudinal preexistente na cobertura.
“Ampliamos essa abertura zenital o máximo que foi possível e fechamos com vidro para ter mais luminosidade natural no espaço e dar essa ideia de pátio”, comenta Carol.
Abertura zenital foi ampliada
A abertura zenital foi ampliada para dar ao ambiente a ideia de um pátio interno
Piso é revestido por ladrilhos hidráulicos
Vista geral do restaurante. O piso é todo revestido por ladrilhos hidráulicos
bar na altura das mesas
O bar na altura das mesas permite que a bancada também seja usada para servir refeições
Painel de fundo foi criado sobre ladrilho hidráulico
O painel de fundo foi criado sobre ladrilho hidráulico e faz referência à tapeçaria árabe
O mural com arabescos, criado pelo ilustrador Marcus Dan sobre ladrilho hidráulico, é mais uma referência à cultura moura. O piso foi todo revestido com ladrilho hidráulico.

Fonte: Arco Web

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