quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Você já sabe que a televisão contribui na educação do seu filho, certo? Veja aqui algumas formas de torná-la sua aliada


Elisa Feres

  Thinkstock
Quando você olha seu filho assistindo à televisão, fica totalmente tranquilo ou com receio de que aquele hábito pode não ser tão bom para ele? Segundo o professor Cláudio Márcio Magalhães, autor do livro Os Programas Infantis da TV (Editora Autêntica), as duas alternativas são válidas. “Como qualquer outro instrumento tecnológico, a televisão pode ser boa e pode ser má. Ela tem um grande potencial para facilitar a vida das pessoas, mas precisa ser compreendida corretamente. É preciso saber todos seus limites para usá-la de maneira eficiente”, diz.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Rochester, em Nova York, nos Estados Unidos, mostrou que a TV tem influência no desenvolvimento intelectual dos seres humanos. Para o bem e para o mal. Para chegar a essa conclusão, os cientistas da instituição estudaram cérebros de 27 crianças (entre 4 e 11 anos) e 20 adultos enquanto eles assistiam ao programa Vila Sésamo, tirando imagens dos caminhos percorridos pelos neurônios de cada um deles com o passar das cenas.
Com isso, eles perceberam que o cérebro responde àqueles estímulos vindos da televisão, podendo se desenvolver, nesses momentos, em diferentes áreas (o que varia conforme o assunto abordado no programa assistido). Essa comprovação, de acordo com eles, pode levar a uma nova compreensão do desenvolvimento do cérebro e até mesmo à criação de novas terapias para dificuldades de aprendizagem.
Em seguida, os pesquisadores realizaram ainda testes de QI voltados à matemática e à linguagem em todos os participantes. Resultado: as crianças que atingiram as maiores notas foram aquelas que tinham os mapeamentos cerebrais mais parecidos com os dos adultos. Em outras palavras, é possível afirmar que a estrutura neural do cérebro, como outras partes do corpo, se desenvolve à medida que amadurecemos e oferecer estímulos para esse desenvolvimento, assim como você conversa com seu bebê para que ele fale, por exemplo, é fundamental.
“Embora o estudo não tenha sido feito para defender a televisão, ele mostrou que padrões neurais formados durante uma atividade cotidiana - no caso, assistir à TV - estão relacionados, sim, com a maturidade intelectual”, afirma, em nota, Jessica Cantlon, uma das autoras da pesquisa.
Benefícios
Quando assiste a um programa televisivo, seja ele qual for, seu filho recebe uma grande quantidade de informações que o faz ter contato, a cada momento, com formatos, cores, movimentos, espaços e situações que até então ele desconhecia. Para Cláudio, este é um dos principais pontos positivos da TV.
Outro benefício é a complementação de outras atividades, inclusive as escolares. “Vamos supor que, na escola, uma criança acabou de aprender a noção de números. Quando ela ligar a televisão e o personagem de um desenho disser que 2 mais 2 são 4, ela juntará o que recebeu do mundo real ao que viu nesse mundo imaginário, confirmando e reforçando essa informação”, diz o especialista.
Ainda segundo ele, o mesmo princípio funciona para a vida familiar. Seu filho, quando assiste a um programa que reflete valores como moral e ética, se lembra dos ensinamentos que você costuma fazer em sua casa, o que reforça também as ideias de certo e errado em sua cabeça.
Dicas e cuidados
Mesmo sabendo que a televisão pode ser benéfica, você não pode deixar de tomar uma série de cuidados em casa. Ligar o aparelho em qualquer canal e deixar a criança por horas sozinha na frente dele pode prejudicá-la. Veja abaixo algumas dicas! 
- Sente-se ao lado de seu filho para assistir televisão. Você vai notar que vai ser muito mais gostoso tanto para ele quanto para você. E, dessa forma, você pode usar o exemplo do programa mais tarde em alguma situação com seu filho.
- Não o deixe ficar mais de duas horas em frente à TV. Essa é a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria para as telas, o que inclui tablets, computadores, smartphones e videogames.
- Selecione a programação e determine o que seu filho pode e o que não pode assistir. Para isso, leve em conta o conteúdo do programa – que deve ser voltado ao público infantil – e a faixa etária a que ele é direcionado.
- Se ele reclamar dessa seleção, ensine que classificações etárias devem ser seguidas por todos. Ele não pode assistir a uma novela com cenas de violência, assim como você não pode entrar em um brinquedo de um parquinho infantil, por exemplo. Sabendo que as normas existem também para os adultos, ele terá mais facilidade para respeitá-las.
- Aposte na variedade. Seu filho provavelmente já tem seus programas de TV preferidos, mas tente fazer com que ele procure sempre novas opções. Só não se esqueça que, além de educativa, a prática de assistir televisão deve ser prazerosa, então não tente forçá-lo a ver nada que ele não goste.
Desenhos educativos x comerciais
Uma das dúvidas mais frequentes dos pais em relação à TV diz respeito à presença de temas “politicamente incorretos” em grande parte dos desenhos comerciais. Aqueles que mostram personagens tirando sarro e pregando pegadinhas, (como Bob Esponja, Pica-Pau, e Tom e Jerry, por exemplo) às vezes, são vistos com maus olhos pelos adultos, que temem que seus filhos aprendam valores invertidos. E, por isso, muitos optam pelos desenhos educativos. Mas qual é a diferença entre eles, afinal?
“Existem os desenhos produzidos por uma equipe que quer apenas que o programa seja aceito pelas crianças, que elas se divirtam. Para isso, usa muitas referências infantis, explora o non-sense, utiliza gírias – tudo para que aconteça uma identificação rápida. No educativo, a equipe também se preocupa com o desenvolvimento biológico, educacional e cultural da criança que é seu público-alvo. Tudo é pensado para aprimorar o processo educacional dela”, diferencia Cláudio. Independentemente de qual tipo for, um bom desenho é aquele que segue um bom roteiro, tem cenas e frases que não julgam a criança como “bobinha”, e apostam na qualidade estética e tem a criatividade como foco principal.
O ideal, segundo Cláudio, não é excluir, mas sim mesclar a programação. Para saber se você deve ou não permitir que seu filho assista a determinado desenho, faça uma auto-avaliação. Lembre-se do que você gostava de assistir quando era criança e pense se aquilo fez com que você se tornasse menos tolerante ou mais violento. Se a resposta for não, vá em frente e deixe seu filho se divertir. Se for ao seu lado, melhor ainda!



Fonte: Crescer

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