sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O artesanato e o alto design nunca estiveram tão juntos, mas aqui eles tem um papel fundamental na decoração...


Fotos Marcelo Magnani
Na estante de laca branca, os nichos destacam as peças de artesanato e design. As cestarias indígenas, R$ 35 (menor) eR$ 65 (maior), e as cerâmicas Ciranda, R$ 145, e Pote,R$ 65, do Vale do Jequitinhonha, estão à venda no Depósito Kariri. Vasos redondos de cerâmica da designer Svenja Kalteich, da Infinito Novo. As correntes de madeira esculpida, R$ 45 e R$ 65, também do Depósito Kariri, enfeitam a mesa de centro laqueada Tiga, da Marché Art de Vie,mesma loja da luminária Arco. Tapete e sofá de veludo da Miniloft. Sobre o último, mantas de tricô da Zizi Maria.Alisa lilás com barrado de crochê (M210) custa R$ 411. Vasos com samambaias da Cia. das Folhas
Livres de preconceitos e com ousadia, os designers e arquitetos estão cada vez mais absorvendo os trabalhos feitos à mão em seus projetos. Assim, o artesanato convive com peças de alto design nas decorações atuais – isso quando não é parte integrante da peça. No living de 36,20 m² deste apê em São Paulo, projetado pelo arquiteto baiano Sidney Quintela, as cores e as texturas dos objetos artesanais étnicos, de cerâmica, madeira, tricô e customizados quebram a rigidez das linhas secas dos móveis e acrescentam calor e aconchego à base neutra. Para destacá-los na decoração, o arquiteto criou a estante laqueada de branco (5 x 2,45 m) para onde convergem as linhas horizontais dos móveis, do tapete, do teto e da janela. “Na reforma, a principal solicitação dos moradores era a acomodação das peças de design e artesanato que eles colecionam e trazem de viagens”, diz o arquiteto Ricardo Abreu Borges, supervisor do escritório de Quintela em São Paulo. Veja como tirar partido de trabalhos manuais na sua decoração e saiba por que o mundo do design se rendeu a eles.
Fotos Marcelo Magnani
A arte primitiva emociona na peça de cerâmica feita por dona Irinéia,
chamada Bicho na Cabeça, R$ 89, na Galeria Arte Brasileira.
O vaso de porcelana Aleatório, R$ 298, é do Estúdio Manus.
Ao fundo, vaso da ceramista Paula Almeida



Cerâmica
Sutilezas como asas, furinhos e pássaros aplicados em vasos, xícaras e outras peças de cerâmica feitas à mão sempre dão toque de humor e leveza aos ambientes. Esse tipo de intervenção há muito tempo é vista no artesanato nordestino e nos últimos anos tem aparecido também no design de delicadas porcelanas.
Fotos Marcelo Magnani
Vindas do dia a dia das costureiras, as bobinas de linhas coloridas deram origem à peça
decorativa dentro da caixa transparente de acrílico. O cubo de 50 cm custa R$ 380,
na CR Acrílicos


              Customizado
Nos últimos anos, aumentou a busca por uma decoração personalizada. Em vez de ter em casa os móveis iguaizinhos aos das lojas, a ordem é soltar a criatividade e fazer alguma intervenção. Pinte, borde ou simplesmente monte peças únicas e com o seu jeito.

Fotos Marcelo Magnani
A mesa lateral Tronco Vermelho nasceu a partir de restos de árvore nas
mãos da designer Mônica Cintra, à venda na Miniloft, R$ 7.500.
Na bandeja espelhada, a graça do vaso de porcelana Ondas,
com três volutas, R$ 260, do Estúdio Manus, entre taças e garrafas
da LS Selection. No nicho, vaso de vidro da Jacqueline Terpins.
Foto de Armando Prado. Persiana romana da Luxaflex



Madeira
Árvores derrubadas por tempestades e encontradas jogadas na praia ou no meio da floresta dão origem a peças de madeira – sejam da arte popular mais primitiva ou do design sofisticado. “Sempre tiveram os apaixonados pelo artesanato que nunca deixaram de colocá-lo na decoração de suas casas, principalmente os europeus”, diz Cláudia Gomes, dona da Galeria Arte Brasileira. “Agora, os arquitetos vêm se interessando e vendo que há peças maravilhosas feitas à mão. São delicadas esculturas que atraem até por serem meio ingênuas.”

Fotos Marcelo Magnani
De madeira descartada, os ovos de bogolô com frases do folclore, R$ 1.200 cada, são criações do artesão Fernando Rodrigues dos Santos (já morto), da Ilha do Ferro, em Alagoas. A sereia de madeira entalhada é do artesão Sérgio de Pernambuco, R$ 380. Ambos à venda na Galeria Arte Brasileira
Fotos Marcelo Magnani
“O maior defeito do mundo é ser feio, pobre e sem dinheiro e sem mulher. Joga-se na cachaça e o tira gosto é coro (sic) de jacaré. ”O texto do folclore nordestino ilustra o banco de madeira descartada pela natureza, também feito por Fernando Rodrigues dos Santos. Sai por R$ 3 mil, na Galeria Arte Brasileira

Fotos Marcelo Magnani
Feita manualmente com fios de lã amaciada, a manta de tricô listrada nas
cores bordô, lilás e cru (M198), da Zizi Maria,mede 1 x 1,40 m e
custa R$ 403
Tricô e crochê 
Nada é mais aconchegante do que ter uma manta de tricô ou crochê em casa que remete à memória e ao carinho da mãe ou da avó. “Quem nunca ganhou uma peça dessas feita manualmente por alguém da família? Isso traz o conforto da lembrança, além de aquecer”, diz a designer Zizi Maria, dona da marca que leva seu nome. Há três anos, ela viu crescer o interesse pelas peças feitas à mão na decoração e começou a criar mantas e almofadas produzidas por 130 mulheres. “Sigo naturalmente a tendência de cores e formas da moda porque também trabalho com vestuário.”
Étnico e trançado 
A preocupação com a sustentabilidade levou à busca de materiais alternativos e à valorização de técnicas do trabalho artesanal, principalmente as tramas africana e indígena, segundo o designer Rodrigo Almeida. “Os italianos começaram a fazer produtos vinculando o alto design com a arte popular, há dez anos, e somente agora o mercado está absorvendo. Mas só o artesanato de qualidade enobrece a peça de design”, diz. 
Fotos Marcelo Magnani
Inspirado na cultura africana no Brasil, o designer Rodrigo Almeida escolheu as cores das cordas, feitas de garrafas pet recicladas, entrelaçadas na cadeira África. A base é do mesmo material. Preço: R$ 9 mil
Fotos Marcelo Magnani
Com os tons da moda, as peças indígenas trançadas de palha e bambu ganham espaço na decoração, como a esteira, R$ 65, do Depósito Kariri. Da mesma loja é o colar de sementes olho-de-cabra, R$ 45

Fotos Marcelo Magnani
Com jeito de varanda da casa da vovó, a poltrona Tropicália, desenhada por Patricia Urquiola para a Moroso, tem estrutura geométrica de aço tubular coberta com fios de plástico
Um mundo mais caloroso 

Há pelo menos dez anos, o alto design brasileiro e mundial está de olho no handmade – ou feito à mão. Mas a tendência de misturar as duas coisas ficou mais evidente nas últimas três edições do Salão do Móvel de Milão, na Itália. Os lançamentos de vanguarda apresentavam interferências artesanais nas peças de design com ousadia e sem preconceitos, inspirados em várias culturas do mundo. Adeus, frieza. Bem-vinda, emoção.
Fotos Marcelo Magnani
As flores, feitas de crochê pela artista potiguar Cris Ribeiro, transformam a poltrona C27, da Carbono Design, assinada por Marcus Ferreira. Com estrutura vazada de ferro pintado de preto, possui assento e encosto estofados. Preço: R$ 5.628
Fotos Marcelo Magnani
Em1993, Fernando e Humberto Campana criaram a poltrona Vermelha, entrelaçando manualmente 500m de corda em uma estrutura de aço. Fabricada pela Edra desde 1998, a peça virou ícone do design no mundo. À venda na Conceito Firma Casa


Fotos Marcelo Magnani
Na cadeira Shadowy, o designer Tord Boontje tomou como referência a trama étnica africana ao desenvolver o tecido entrelaçado da peça da Moroso, R$ 15.120, na Micasa
Fotos Marcelo Magnani
Trançado de polietileno na base e de fibra natural no assento e no encosto. Essa composição está na poltrona Crinoline, que a designer espanhola Patricia Urquiola criou no ano passado. Sob encomenda, na B&BStore

Fotos Marcelo Magnani
O pufe Sweet 40, de tricô, tem abertura no alto que lembra a gola rolê. Criada pela designer Paola Navone para a Gervasoni, foi lançada ano passado em Milão
Fotos Marcelo Magnani
Sensação em Milão este ano, o tapete de tricô Farol, da linha Mangas assinada por Patrícia Urquiola para a Gan, é inspirada nas roupas de inverno
Fotos Marcelo Magnani
Um bom exemplo de sinergia e customização é sugerido pela marca holandesa Droog com a poltrona Do Hit, assinada por Marijn van der Poll. Comum martelo, a caixa de aço inox é moldada até o assento ficar ao gosto do cliente. Se o próprio amassá-la, sai por R$ 31.038,68. Já se for marretada pelo designer, fica em R$ 63.710,91. Dos dois modos é encontrada na Decameron Design

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