Tijolinho, vidro e concreto aparente são os materiais protagonistas do projeto
Elegância e conforto do trabalho coletivo
Um certo trunfo de programa jogou a favor de Sergio Camargo na concepção do Kagen, uma incubadora paulistana de empresas dedicada ao treinamento temporário corporativo. Sua arquitetura teve demanda reduzida pelos normalmente volumosos espaços de armazenamento, de modo a liberar os interiores para a valorização da ideia de conforto do trabalho coletivo.
Uma grande mesa, então, é a figura central do projeto, não apenas física como visualmente também. Ela abriga os postos dos cerca de dois ou três funcionários das empresas incubadas - até cinco simultaneamente - e é atendida por rede técnica aparente.
A iluminação ocorre por luminárias pendentes, com luz direta e indireta integradas, enquanto as instalações elétricas acompanham, no teto e no piso, o eixo longitudinal da mesa contínua.
Nesse sentido, removido o forro de gesso existente, revelou-se a linearidade da tubulação do ar condicionado central, o que enfatizou ainda mais a setorização do projeto.
As atividades desempenhadas na mesa são assistidas pelo comando das áreas de gerência, frontais a ela e alinhadas com a fachada do edifício.
Apenas divisórias de vidro separam entre si esses postos dos gerentes, de modo a destacar-se uma vez mais a ideia de trabalho que se desenvolve em paralelo, simultâneo.
A divisória de vidro é solta do teto, fixada por cavaletes metálicos que partem da laje de concreto
O layout racional otimizou os espaços livres do projeto, integrando confortavelmente as áreas de trabalho e estar, à esquerda
Funcionários das empresas incubadas compartilham temporariamente a mesa contínua de trabalho
Para isso, desempenha papel importante a especificação enxuta dos materiais e mobiliário. Vidro, concreto e tijolinho são o trio básico de elementos do projeto, que conta ainda com piso de marmóleum - um agregado de resina - e poucas variantes de móveis, predominantemente utilizados em tonalidades neutras.
Mas o que confere a identidade descontraída dos interiores são as pontuais contraposições de cores, texturas e formas em certos trechos do escritório. A mais evidente é a da parede curva de tijolinho aparente, contraposta à linearidade da mesa central.
O assentamento trabalhoso - um a um os tijolinhos foram cortados em forma trapezoidal, de modo a configurarem as duas curvaturas do projeto - rendeu frutos: a textura e a organicidade dessa parede ao mesmo tempo reiteram e suavizam a simplicidade do layout e acabamentos do projeto e, de sobra, garantem o bom isolamento acústico das áreas de reuniões e do auditório que ela delimita.
Em outros trechos e detalhes a contraposição fica por conta de uma cor, como o vermelho numa das extremidades do escritório, ou do tipo de fixação das divisórias de vidro, por exemplo.
Feitas com vidro temperado de dez milímetros, elas não tocam o teto, sendo suspensas por cavaletes metálicos invertidos, fixados no teto de concreto.
O perfil em V de tal sistema lembra o das parrudas vigas de concreto, que foram deixadas aparentes pelo projeto assinado por Sergio Camargo.
Em conjunto com a disponibilidade de generoso espaço vazio, dado o tal trunfo do programa, esses elementos criam a identidade tão simples quanto descontraída do projeto.
O auditório, delimitado pela parede curva de tijolinho, tem mobiliário colorido
Detalhe do encontro entre materiais: piso de marmóleum, parede de tijolo, gesso e concreto aparente
Fonte: Arco Web
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