Recém-inaugurada no Mercado Central de Belo Horizonte, a escola de gastronomia ocupa uma das lajes em L do teto das lojas
Receita de comida em espaço de bambu
À labiríntica organização espacial, uma das características mais interessantes do Mercado Central de Belo Horizonte, somou-se no segundo semestre de 2011 um novo atrativo: uma escola de gastronomia. Projetada por Marcelo Rosenbaum, Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho, a escola é delimitada por uma malha de bambus e ocupa uma das lajes resultantes dos anéis formados pelos agrupamentos de lojas do piso térreo.
Desde que foi inaugurado, há mais de 80 anos, o Mercado Central de Belo Horizonte mantém intacta sua espacialidade: as lojas organizam-se de forma concêntrica e os percursos são perimetrais e radiais, uma tradição estabelecida ainda quando os comerciantes expunham mercadorias no chão, sobre lençóis.
A construção de lojas preservou essa organização e a circulação por transversais, gerando o caminhar labiríntico, “responsável pela deliciosa sensação de se perder na profusão de produtos e de suas cores, texturas e aromas”, diz Fernando Maculan, sócio do estúdio Mach Arquitetos.
Junto com Rosenbaum®, o escritório de arquitetura é autor do projeto da escola de gastronomia implantada em uma das quatro lajes em L desses anéis constituídos pelo teto das lojas.
“O conjunto de quatro lajes tem cobertura no nível intermediário, entre o piso do térreo e o do estacionamento. Como um mezanino”, esclarece Maculan.
A rigor, a intervenção idealizada por Maculan, Mariza Machado Coelho e Marcelo Rosenbaum tratou, primordialmente, de delimitar o espaço, o que os autores realizaram de forma leve e inventiva, empregando uma malha de bambus.
Na opinião de Maculan, a solução criou um ambiente interno acolhedor e uma volumetria externa expressiva.
A busca de associações simbólicas com o mercado foi uma diretriz da intervenção. Por isso, as noções de fazer artesanal/ trabalho manual, importantes no contexto do centro de compras, reaparecem na estrutura de bambu, fruto de ação coletiva de um projeto social que envolve mestres da construção com o material, liderados por Lúcio Ventania.
A malha formada por bambu configura o espaço, mas permite ver o que se passa dentro da escola
O tipo de ocupação proposto poderá ser estendido para as outras alas
A escola ocupa área de 270 metros quadrados e se distribui por uma das alas em L originadas na construção de lojas do térreo
A intervenção tratou fundamentalmente de delimitar o espaço. Transparência, leveza e inventividade não interferem na espacialidade tradicional do mercado
Também existe a associação simbólica entre a estrutura adotada e o fato de o mercado constituir-se num local de encontro. Permeável à visão, a malha de madeira deixa o público ver os acontecimentos internos e estimula a participação.
A malha de bambu em linhas diagonais é também, segundo Maculan, uma alusão ao fechamento em cobogó das fachadas do mercado.
Ao mesmo tempo que bebe nessas fontes artesanais, a obra possui apelo contemporâneo em razão tanto da forma como se insere no espaço quanto dos materiais e equipamentos, avalia o arquiteto.
“O projeto trará vitalidade ao mercado, intensificando os valores que o tornaram reconhecido em todo o Brasil”, prevê.
Com 270 metros quadrados de área, a escola possui acesso pelo estacionamento em suas duas extremidades.
Os espaços consistem, basicamente, na cozinha‑escola e numa área livre para abrigar eventos variados.
Nas extremidades de cada ala, próximo dos acessos, ficam dois blocos de apoio, um que abriga sanitários e outro que recebeu insumos e equipamentos para a cozinha.
As aulas acontecem em espaço fechado, em razão da necessidade de isolamento sonoro e climatização. O fechamento de vidro e malha de bambu permite visibilidade de vários pontos do mercado.
A organização espacial do mercado revela lojas em anéis concêntricos
Fonte: Arco Web
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