Aprender coisas novas dormindo
Matéria controversa durante séculos, deixada ao deleite dos "caçadores de mitos", só há pouco tempo os cientistas começaram a admitir que que é possível aprender dormindo.
Tudo começou quando novas tecnologias permitiram identificar um tipo específico de memória em nosso cérebro, mostrando que ele nunca se desliga por completo.
Agora, a neurobióloga Anat Arzi, do Instituto Weizmann, mostrou que o cérebro tem não apenas a capacidade de reforçar memórias durante o sono, mas também de captar informações novas enquanto dormimos.
A pesquisa examinou a correlação entre olfato e audição e a memória armazenada no cérebro.
Estudos prévios já haviam demonstrado a capacidade de bebês aprenderem enquanto dormem, mas nova pesquisa trabalhou apenas com adultos.
Aprendizagem associativa
O experimento examinou as reações de 55 pessoas expostas a sequências de sons e cheiros enquanto dormiam.
As sequências, que incluíam um intervalo de 2,5 segundos entre o som e o cheiro, expunham os participantes a odores agradáveis (de perfume ou xampu) ou desagradáveis (de peixes podres ou outros animais em decomposição), de forma sistemática e sempre antecedidos por sons que se repetiam.
"A vantagem de se utilizar o olfato é que os cheiros geralmente não interrompem o sono, a não ser que sejam muito irritantes para as vias respiratórias", explicou a cientista.
"Com o tempo, criou-se um condicionamento. Bastava que (os participantes) ouvissem determinado som para que a respiração deles se alterasse e se tornasse mais longa e profunda - em casos de associação com odores agradáveis -, ou mais curta e superficial - em casos de sons ligados a cheiros desagradáveis", afirmou Arzi.
É o que os cientistas chamam de "aprendizagem associativa".
Com dos cheiros
A cientista também relatou que as mesmas reações mantiveram-se na manhã seguinte, depois que os participantes acordavam.
Se fossem expostos a um som associado com um odor agradável, respiravam longa e profundamente. O "som do cheiro ruim", por outro lado, tornava a respiração mais curta e superficial.
"O fato de que as informações ficaram gravadas no cérebro e causaram reações fisiológicas idênticas, mesmo quando os participantes estavam despertos, demonstra que eles passaram por uma aprendizagem associativa enquanto dormiam", disse.
Donald Wilson, da Universidade de Nova Iorque, que não participou deste estudo, ficou particularmente entusiasmado com esta nova descoberta sobre o processamento dos cheiros pelo cérebro.
"Nós pensávamos que o sistema olfativo ficava desligado durante o sono, mas este estudo mostra que algumas informações estão entrando e sendo retidas," disse ele.
Embora seja difícil imaginar como traduzir álgebra em odores, Wilson prevê usos práticos para o desenvolvimento de associações com perfumes durante o sono.
Essas associações poderiam ajudar a treinar pessoas com distúrbios respiratórios, como apneia do sono, a inalar profundamente pela liberação automática de um cheiro definido.
Fonte: Diário da Saúde
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