terça-feira, 19 de junho de 2012

REFORMA MANTÊM IDEIAS DE LINA BO BARDI


Interior do edifício do teatro na década de 1980. Recuperado, o prédio é o principal espaço de manifestações artísticas de Jundiaí
Interior do edifício do teatro na década de 1980. Recuperado, o prédio é o principal espaço de manifestações artísticas de Jundiaí
Centenário, Teatro Polytheama quer espaço para encenar o terceiro ato
O quebra-nozes, obra de Tchaikovski, e Os miseráveis, musical baseado no livro de Victor Hugo, foram dois dos espetáculos que encerraram, em dezembro, as comemorações do centenário do Teatro Polytheama, onde ocorrem as principais manifestações artísticas de Jundiaí, SP. Quem perdeu as apresentações pode, porém, recordar-se delas e de outras dezenas realizadas ao longo da trajetória do edifício.
O anexo do Polytheama, em projeto do escritório Brasil Arquitetura, respeita as diretrizes traçadas por Lina Bo Bardi para a edificação
O anexo do Polytheama, em projeto do escritório Brasil Arquitetura, respeita as diretrizes traçadas por Lina Bo Bardi para a edificação
Rememorar o passado da histórica construção é uma das abordagens exploradas por Victor Nosek no livro Teatro Polytheama de Jundiaí, editado pela prefeitura para destacar a centenária efeméride: mais de cem páginas exibem os volantes de programação do teatro. No texto que abre a publicação, lançada no final do ano passado, o prefeito Miguel Haddad escreve que, mais do que uma sala de espetáculos dramático- musicais, o Polytheama é a alma de Jundiaí.

Além de fatos do passado e do presente, o livro especula sobre o futuro do teatro. Para Carlos Eduardo Pasqualin, diretor do Polytheama, o centenário é a oportunidade de unir a cidade em volta do projeto de completar a reforma da edificação. Já a secretária municipal da Cultura, Penha Maria Camunhas Martins, disse que a luta é pela construção de um edifício anexo para administração, oficinas para a construção de cenários, salas para ensaios e camarins.

Para isso, um projeto foi desenvolvido pelo escritório Brasil Arquitetura. O arquiteto Marcelo Ferraz, sócio do estúdio, denominou-o terceiro ato, explicando que a intervenção compreende a abertura de uma grande janela na parede de fundo do palco e a construção do edifício de apoio, “que, nesse momento, insinua-se timidamente através de uma galeria lateral interrompida”. A galeria deverá levar ao café‑restaurante no belvedere, “uma maneira encontrada de mostrar a vista da paisagem, que Lina [Bo Bardi] sonhou e não foi concretizada”, acrescenta Ferraz.

O primeiro desses atos foi presenciado por PROJETO DESIGN: na edição 118, de janeiro/fevereiro de 1989, Lina escrevia o texto “Polytheama, uma restauração mais do que necessária”. A revista também esteve presente no segundo ato, quando, na edição 210, de julho de 1997, publicou o projeto para o teatro e registrou que a restauração preservava o que era essencial, abrindo espaços para a vida cultural contemporânea.

As ideias de Lina para o anexo foram mantidas no atual projeto. O café-restaurante conduziria às salas de ensaio de dança e música, aos depósitos e oficinas de apoio, aos camarins complementares. “Deveria, enfim, levar à rua Vigário J. J. Rodrigues, completando assim sua missão também urbanística, de ligar pontos, romper obstáculos, juntar pessoas. Essa etapa, de fundamental importância para o pleno funcionamento do teatro, é o grande desafio do momento”, considera Ferraz.


Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 385 Março de 2012

Fonte: Arco Web

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