Nova construção preserva o patrimônio existente
Localizada na região do Morumbi, em um parque com mais de 70 mil metros quadrados de área verde, a Fundação Maria Luísa e Oscar Americano deve colocar à disposição da cidade de São Paulo um novo espaço cultural, composto por salão de chá, teatro e sala de exposições, que poderá ser usado para congressos e eventos.
Assinado por Carlos Bratke (FAU/ Mackenzie, 1967), o projeto já foi aprovado pelo Conpresp, órgão municipal de preservação do patrimônio, e deve ser implantado a um custo estimado entre 20 e 30 milhões de reais. A área de intervenção é de aproximadamente 4,5 mil metros quadrados e as obras terão início ainda em 2012.
O conjunto arquitetônico existente no parque foi criado na década de 1950 por Oswaldo Bratke, pai de Carlos, juntamente com o engenheiro agrônomo e arquiteto paisagista Otávio Teixeira Mendes.
Seu principal componente, a residência construída para o casal Maria Luísa e Oscar, foi transformado no início dos anos 1970 em espaço aberto ao público, com salas de exposição de obras e objetos de arte brasileiros, um pequeno auditório e salão de chá.
A aprovação do Conpresp ao novo projeto foi condicionada à preservação do patrimônio construído e também da vista da casa para o pavilhão da piscina. Essa exigência levou ao desenvolvimento de uma proposta semienterrada que tira partido da aclividade do lote para reduzir a movimentação de terra.
Além disso, ela prevê a ocupação de duas clareiras preexistentes e ainda mantém ilhas de árvores, condições que atendem às diretrizes do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave), da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
“Embora a fundação não pleiteie nenhuma certificação verde, o projeto foi desenvolvido com base em consultoria de sustentabilidade”, detalha Bratke.
O nível térreo, na cota 100, será marcado por pilares de aço corten sustentando a marquise e dará acesso ao novo auditório, que, com 300 lugares, fica na cota 95 e foi projetado com acústica especial para apresentações musicais.
O revestimento das paredes em tijolos aparentes, com algumas peças projetadas para fora, foi planejado com um especialista em acústica e considera as necessidades de um estúdio de gravação. Entre os itens previstos estão poltronas espanholas que, vazias ou ocupadas, apresentam o mesmo índice de absorção sonora.
O térreo é também o nível dos mezaninos que contornam a sala de exposições no subsolo, situada na cota 95.
Graças à cortina atirantada associada a uma estrutura que combina peças metálicas e de concreto, esse espaço terá grandes vãos livres de pilares, o maior deles medindo 30 x 52 metros.
Sua cobertura ficará na altura da cota 104 e será dada, em parte, pelo fundo de vidro do espelho d’água, que funcionará como claraboia justamente no ponto mais escuro do salão.
Com 50 ou 60 centímetros de profundidade, o espelho d’água ocupará exatamente o mesmo local onde estava a piscina original, enterrada há alguns anos para evitar acidentes com visitantes do parque.
O restante da cobertura será uma laje verde onde serão expostas grandes esculturas. A terra e a vegetação desse jardim se distribuirão sobre um piso elevado próprio para reter a água da chuva, recurso que evita mudanças bruscas de temperatura na laje e contribui para o conforto ambiental das áreas internas. “O projeto de paisagismo agregou muitas soluções inteligentes”, destaca Bratke.
Na cota 104, o deque de madeira contornará uma área não escavada a fim de preservar a vegetação original. Ele funcionará como área de convívio externa e fará um dos acessos ao novo salão de chá.
A príncípio cogitou-se a construção de um estacionamento subterrâneo no parque. Porém, os custos elevados e o aumento do prazo previsto para as obras fizeram com que a ideia fosse descartada. A solução foi criar um novo acesso principal ao parque e permitir o estacionamento ao longo das ruas internas que compõem o sistema viário existente.
Fonte: Arco Web
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