A passarela começa nos degraus da piscina e vai até a ala íntima, nos fundos
Síntese contemporânea do colonial brasileiro
Três módulos independentes dispostos ao redor da casa principal configuram o projeto assinado por Miguel Pinto Guimarães e implantado em um condomínio na cidade de Mangaratiba, na região de Angra dos Reis. Com características que remetem à oca, à casa portuguesa e à casa colonial brasileira, o conjunto se diferencia pela contemporaneidade do design e do tratamento dado a materiais naturais, como palha e madeira.
Formado por uma sede e três bangalôs, o projeto da casa de veraneio foi desenvolvido para atender à dinâmica de um casal e seus três filhos, todos já adultos e com suas próprias famílias.
Ao optar pela divisão em blocos, o arquiteto Miguel Pinto Guimarães tinha por objetivo liberar a residência maior para os clientes e seus hóspedes e assegurar privacidade aos usuários de todos os núcleos.
Além da preocupação em preservar a intimidade familiar e a independência de uso, a natureza também foi um elemento decisivo para a forma de implantação do conjunto, que ocupa o centro de um terreno plano e voltado ao interior do lote, de costas para a rua e para os vizinhos.
“A ideia era que tanto da sede como dos bangalôs só se pudesse avistar o conjunto construído, o mar ou ainda os morros que compõem o cenário da região”, comenta o autor do projeto.
No centro do terreno, a sede e os três bangalôs têm as faces principais voltadas para o mar
Os bangalôs são módulos independentes e repetem a linguagem arquitetônica da sede
A piscina em forma de raia tem 25 metros de extensão e área sombreada pela cobertura da varanda
Construídos sobre lajes suspensas, os volumes são marcados por grandes beirais que delimitam varandas amplas o suficiente para permitir seu uso mesmo em dias chuvosos, condição climática bastante frequente na região. “A metragem da grande varanda é mais ou menos o dobro da das áreas sociais”, detalha Guimarães.
Venezianas deslizantes de madeira, dotadas de aletas reguláveis, correm no perímetro externo das varandas de todos os blocos e chegam a substituir algumas empenas de alvenaria, formando um fechamento versátil que não só permite controlar a incidência solar sem barrar a passagem da brisa marinha, como também dá privacidade ao interior e ainda possibilita criar cantos nos pontos onde eles venham a ser necessários.
Passarela de circulação tem cobertura de vidro e palha e lustres pendentes de vime
A área social é cortada ao meio pela passarela. Todas os ambientes internos têm piso em cimento queimado
Esse despojamento arquitetônico é uma das marcas do projeto, com uma quase indefinição de materiais internos e externos.
Com dimensões generosas, a casa principal é dividida em dois blocos conectados por uma extensa passarela de circulação com cobertura de vidro e palha. O bloco posterior, o mais afastado do mar, concentra a ala íntima, com dependências para o casal e seus hóspedes.
A passarela ganhou continuidade e atravessa o volume frontal, onde estão dispostos os setores sociais de um lado e cozinha e áreas de serviço de outro.
Ela ainda avança para o exterior, cortando ao meio a grande varanda e conduzindo diretamente aos degraus de acesso à piscina, que apresenta a forma de T para ganhar uma região sombreada. Recortes na cobertura vedados por vidro levam luz natural às porções centrais de cada setor.
Como várias outras residências projetadas por Miguel Pinto Guimarães, a casa de Mangaratiba insere-se natural e harmoniosamente na paisagem, sem concorrer com ela.
A escolha de materais simples, como piso de cimento queimado nas áreas internas, deque de madeira nas varandas e telhado com telhas de taubilha (lascas de eucalipto autoclavado) em todos os volumes, reafirma essa intenção.
O projeto é referenciado na arquitetura colonial brasileira, com seus grandes beirais e varandas, e resgata também elementos das ocas e das casas portuguesas, enquanto a contemporaneidade é definida pelo design e pelo trabalho apurado com os materiais naturais.
Texto de Nanci Corbioli
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 392 Outubro de 2012
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 392 Outubro de 2012
Os volumes foram erguidos sobre lajes suspensas e são protegidos pelos grandes beirais que delimitam as varandas
Para inserir o conjunto harmoniosamente na natureza, o arquiteto optou por materiais simples, como as telhas de taubilha
Ponto central da casa, a varanda mede o dobro das áreas sociais e tem espaços de estar e para refeições
Nas varandas e áreas externas, o piso é revestido por deque de madeira
Fonte: Arco Web
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