quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Materiais naturais como palha e madeira com tratamento diferenciado dão a essa casa um ar contemporâneo


A passarela começa nos degraus da piscina e vai até a ala íntima, nos fundos
A passarela começa nos degraus da piscina e vai até a ala íntima, nos fundos
Síntese contemporânea do colonial brasileiro
Três módulos independentes dispostos ao redor da casa principal configuram o projeto assinado por Miguel Pinto Guimarães e implantado em um condomínio na cidade de Mangaratiba, na região de Angra dos Reis. Com características que remetem à oca, à casa portuguesa e à casa colonial brasileira, o conjunto se diferencia pela contemporaneidade do design e do tratamento dado a materiais naturais, como palha e madeira.
Formado por uma sede e três bangalôs, o projeto da casa de veraneio foi desenvolvido para atender à dinâmica de um casal e seus três filhos, todos já adultos e com suas próprias famílias.
Ao optar pela divisão em blocos, o arquiteto Miguel Pinto Guimarães tinha por objetivo liberar a residência maior para os clientes e seus hóspedes e assegurar privacidade aos usuários de todos os núcleos.
Além da preocupação em preservar a intimidade familiar e a independência de uso, a natureza também foi um elemento decisivo para a forma de implantação do conjunto, que ocupa o centro de um terreno plano e voltado ao interior do lote, de costas para a rua e para os vizinhos.
“A ideia era que tanto da sede como dos bangalôs só se pudesse avistar o conjunto construído, o mar ou ainda os morros que compõem o cenário da região”, comenta o autor do projeto.
No centro do terreno, a sede e os três bangalôs têm as faces principais voltadas para o mar
No centro do terreno, a sede e os três bangalôs têm as faces principais voltadas para o mar
Os bangalôs são módulos independentes e repetem a linguagem arquitetônica da sede
Os bangalôs são módulos independentes e repetem a linguagem arquitetônica da sede
A piscina em forma de raia tem 25 metros de extensão e área sombreada pela cobertura da varanda
A piscina em forma de raia tem 25 metros de extensão e área sombreada pela cobertura da varanda
Construídos sobre lajes suspensas, os volumes são marcados por grandes beirais que delimitam varandas amplas o suficiente para permitir seu uso mesmo em dias chuvosos, condição climática bastante frequente na região. “A metragem da grande varanda é mais ou menos o dobro da das áreas sociais”, detalha Guimarães.
Venezianas deslizantes de madeira, dotadas de aletas reguláveis, correm no perímetro externo das varandas de todos os blocos e chegam a substituir algumas empenas de alvenaria, formando um fechamento versátil que não só permite controlar a incidência solar sem barrar a passagem da brisa marinha, como também dá privacidade ao interior e ainda possibilita criar cantos nos pontos onde eles venham a ser necessários.
Passarela de circulação tem cobertura de vidro e palha e lustres pendentes de vime
Passarela de circulação tem cobertura de vidro e palha e lustres pendentes de vime
A área social é cortada ao meio pela passarela. Todas os ambientes internos têm piso em cimento queimado
A área social é cortada ao meio pela passarela. Todas os ambientes internos têm piso em cimento queimado
Esse despojamento arquitetônico é uma das marcas do projeto, com uma quase indefinição de materiais internos e externos.
Com dimensões generosas, a casa principal é dividida em dois blocos conectados por uma extensa passarela de circulação com cobertura de vidro e palha. O bloco posterior, o mais afastado do mar, concentra a ala íntima, com dependências para o casal e seus hóspedes.
A passarela ganhou continuidade e atravessa o volume frontal, onde estão dispostos os setores sociais de um lado e cozinha e áreas de serviço de outro.
Ela ainda avança para o exterior, cortando ao meio a grande varanda e conduzindo diretamente aos degraus de acesso à piscina, que apresenta a forma de T para ganhar uma região sombreada. Recortes na cobertura vedados por vidro levam luz natural às porções centrais de cada setor.
Como várias outras residências projetadas por Miguel Pinto Guimarães, a casa de Mangaratiba insere-se natural e harmoniosamente na paisagem, sem concorrer com ela.
A escolha de materais simples, como piso de cimento queimado nas áreas internas, deque de madeira nas varandas e telhado com telhas de taubilha (lascas de eucalipto autoclavado) em todos os volumes, reafirma essa intenção.
O projeto é referenciado na arquitetura colonial brasileira, com seus grandes beirais e varandas, e resgata também elementos das ocas e das casas portuguesas, enquanto a contemporaneidade é definida pelo design e pelo trabalho apurado com os materiais naturais.

Texto de Nanci Corbioli 
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 392 Outubro de 2012

Os volumes foram erguidos sobre lajes suspensas e são protegidos pelos grandes beirais que delimitam as varandas
Os volumes foram erguidos sobre lajes suspensas e são protegidos pelos grandes beirais que delimitam as varandas
Para inserir o conjunto harmoniosamente na natureza, o arquiteto optou por materiais simples, como as telhas de taubilha
Para inserir o conjunto harmoniosamente na natureza, o arquiteto optou por materiais simples, como as telhas de taubilha
Ponto central da casa, a varanda mede o dobro das áreas sociais e tem espaços de estar e para refeições
Ponto central da casa, a varanda mede o dobro das áreas sociais e tem espaços de estar e para refeições
Nas varandas e áreas externas, o piso é revestido por deque de madeira
Nas varandas e áreas externas, o piso é revestido por deque de madeira


Fonte: Arco Web

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