O volume de circulação vertical externa, revestido de placas de alumínio composto, protege a lateral envidraçada
Espaço para a alta tecnologia
O edifício do Centro de Laboratórios de Bionanomanufatura, no campus do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, destaca-se pelo traçado contemporâneo. As especificidades e complexidades do programa foram um desafio para o escritório paulistano Piratininga Arquitetos Associados, escolhido pelo IPT mediante concorrência pública aberta em 2009. Ele atuou neste projeto com o estúdio VD.
O novo edifício de pesquisas parte da estratégia de modernização que o IPT vem articulando há três anos, com vistas à capacitação tecnológica e à viabilização de intercâmbio maior entre universidades e empresas nacionais.
Além de se tratar de um prédio multifuncional, com programa de exigências distintas e específicas, teve área de implantação complicada, muito adensada e próxima da avenida Politécnica, onde o grande movimento de veículos pesados poderia prejudicar o funcionamento dos sofisticados equipamentos dos laboratórios.
“Tratava-se de um ambiente muito agressivo para um programa delicado”, comenta Gustavo Partezani, coautor do projeto, junto com Gastão Sales.
Acesso de serviço, projetado a partir do pátio de carga/descarga
O corpo principal do edifício foi envelopado por caixilho com vidro especial, que filtra a radiação solar
Para fazer face às dificuldades de canteiro e obter a desejada agilização da obra, o edifício - com três pavimentos e área total de 8.479 metros quadrados - foi concebido com estrutura de concreto pré-moldado e fechamentos em placas também pré-moldadas e caixilharia com vidro especial, que filtra a radiação solar, inclusive luz.
Internamente, o programa foi dividido em partes interdependentes (os 3 laboratórios de um lado, as salas para pesquisadores do outro), intermediadas por um auditório com formato de sala de aulas, destinado a conferências e simpósios.
Os laboratórios têm áreas de visitação isoladas a fim de promover o novo conceito de integração da comunidade pesquisadora com a sociedade, uma das premissas da atual gestão do IPT.
Para a instalação do maquinário de pesquisa, que produz vibrações e poluição sonora, os arquitetos optaram por um bloco técnico contíguo ao edifício principal.
Sales assinala que “são duas estruturas portantes distintas: a principal, que abriga os laboratórios e o programa de trabalho, com grandes e robustos vãos - 36 módulos de 7,50 x 9,60 metros -, e outra destinada aos equipamentos, com estrutura e fundação separadas, dotada de grande capacidade de carga e vãos menores, com 12 módulos de 7,50 x 5,40 metros”.
A vedação na área técnica é feita com painéis pré-fabricados de concreto branco, que definem a grande empena cega e resolvem o conforto térmico do edifício.
Acesso de serviço, projetado a partir do pátio de carga/descarga
Varanda lateral, de acesso elevado à edificação
Na cota mais alta do terreno em desnível, o acesso principal é marcado por uma cobertura de estrutura metálica e vidro
A edificação foi erguida paralela à principal via interna do campus, sobre um terreno em declive no mesmo sentido. Há cotas distintas de implantação, cada uma correspondendo às especificidades do programa - em resumo, acesso técnico no nível 0 e de usuários em + 4,80 metros.
Neste ponto, o espaço central da recepção e foyer de exposições, de pé-direito elevado (8,5 metros), recebe farta iluminação zenital controlada por aletas e proveniente da extensa claraboia envidraçada. A espacialidade resultante funciona como um filtro entre o exterior e o interior e prepara o visitante para a imersão no edifício.
Toda a parte estrutural do edifício foi executada em concreto pré-fabricado, com lajes que suportam entre 500 e mil kgf/m2. Os fechamentos, pilares e pavimentos do prédio principal receberam concreto armado pré-fabricado, tanto convencional quanto protendido.
Já os volumes de escadas e caixas-d’água, muros de contenção e paredes do auditório foram estruturados em concreto armado convencional, moldado in loco.
A estrutura metálica foi utilizada nas tesouras da cobertura do bloco principal, no piso das salas de reuniões e da administração (dentro do volume do auditório), nas passarelas de interligação entre os volumes, no passadiço e na cobertura de vidro do foyer do piso térreo superior.
A cobertura do bloco principal, projetada em um único vão com treliças metálicas de 28,80 metros, recobertas por telhas termoacústicas, propicia ao pavimento superior uma ocupação livre de pilares.
No foyer da recepção e espaço de exposições, com pé-direito duplo, a iluminação zenital é filtrada
Passarela técnica sobre o foyer, iluminado pela grande claraboia de estrutura metálica e vidro
Na cobertura do setor técnico, onde foram colocados condensadores e compressores, utilizou-se laje impermeabilizada de concreto pré-moldado, com grande capacidade de carga.
O projeto de paisagismo para a área envoltória do edifício adotou como partido a preservação da arborização existente, principalmente as de porte mais representativo e que propiciam a sombra desejável.
O projeto de paisagismo para a área envoltória do edifício adotou como partido a preservação da arborização existente, principalmente as de porte mais representativo e que propiciam a sombra desejável.
Texto de Éride Moura
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 392 Outubro de 2012
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 392 Outubro de 2012
Fonte: Arco Web
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