quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Quer tornar o dia a dia da sua família mais gostoso?


  Raoni Maddalena
Na casa da secretária Luciana Trafani, ela e André, seu marido, dividem todos os cuidados do filho Arthur, 1 ano e 9 meses
Quando se fala em dar conta de todos os afazeres domésticos, o discurso é sempre o mesmo: antes, eles eram responsabilidade das mulheres, que ficavam em casa. Agora, os tempos são outros, e, assim como elas se adaptaram ao mercado de trabalho, os homens também precisam fazer o caminho inverso. Mas e na prática, a teoria está funcionando?
Quando perguntamos no Facebook da CRESCER se as pessoas estavam felizes com a divisão de tarefas em casa, só as mulheres responderam – e a maioria disse que não. Na casa delas, ficou dividido assim: “Eles bagunçam e eu arrumo”. Algumas até comentaram que os maridos e filhos tentam ajudar, mas é pior ainda, pois fazem tudo errado.
Realmente, não faltam motivos para elas se sentirem sobrecarregadas. “É muito mais fácil para um chefe compreender que a mãe saia do trabalho para levar um filho doente ao médico. Não se mudam os hábitos, costumes, moral e ética de uma sociedade tão rápido”, explica a terapeuta de casais Teresa Bonumá, que há mais de 30 anos convive com as muitas nuances do convívio familiar.
Mas a situação é menos desanimadora do que parece. E temos uma justificativa científica para afirmar isso: a pesquisadora britânica Laura King revisou estudos e chegou a uma teoria que a figura do pai moderno, que cuida e participa da vida dos filhos, existe há bem mais tempo do que se imagina. Ela defende que isso começou por volta dos anos 1950, após a Segunda Guerra Mundial. Agora, uma coisa é verdade: eles realmente demoraram para sujar as mãos com fraldas. Em 1980, 43% dos pais britânicos nunca haviam trocado seus filhos. Esse número caiu para 3% no ano 2000. E Laura cita um dado de 2010 que aponta que, para 65% das mulheres, os pais são de enorme importância no cuidado com as crianças.
Para que não só o número de trocadores de fraldas, mas de pais e mães parceiros e satisfeitos com seus acordos, fique cada vez maior, conversamos com especialistas e casais bem-resolvidos e selecionamos as dicas deles para tornar a divisão mais balanceada na sua família. Leia a seguir:
1. Mais braços
Livrem-se de algumas tarefas sempre que puderem. Considerem pagar por serviços que vocês não dão conta ou que são um aborrecimento e podem ser feitos por outras pessoas. Desde uma faxineira para arrumar a casa, alguém para passar a roupa (ou mandar lavar fora) até comprar a comida pronta. A secretária Luciana Trafani Gomes e seu marido, o ator André Mello, pais de Arthur, 1 ano e 9 meses, têm uma rotina diferente da maioria dos casais, pois é ele que tem os horários flexíveis e fica mais tempo em casa durante a semana. “O André até faz mais coisas do que eu. Às vezes me sinto mal por isso, pois cresci vendo minha mãe fazer tudo para o meu pai”, diz. Mas ela logo repensa e vê que eles estão bem resolvidos dessa forma. Mesmo assim, quando voltou a trabalhar, há quatro meses, era ela que cuidava da comida do filho quando chegava em casa, às 20 horas. “Entre ficar com ele um pouco e depois ir para a cozinha preparar as refeições do dia seguinte, eu acabava indo dormir à 1 hora da manhã, exausta. Fui ficando irritada com o André e o Arthur. Então, decidi comprar papinha caseira congelada, que resolveu nossa vida.”
2. Keep Calm and... pare com o “mimimi”
Reclamar que só você faz tudo em casa e que detesta o serviço doméstico não adianta. E vamos explicar o motivo com uma leve viagem no tempo. Estamos nos anos 1960, época do seriado norte-americano Mad Men. Os maridos, engravatados, de chapéu e sobretudo, pegam suas pastas e saem para um glamuroso dia de trabalho, cheio de risadas e almoços em endereços chiques. Em casa, as esposas estão extenuadas às voltas com mil tarefas, como faxinar, atender o filho que chora, lavar a roupa, deixar a comida pronta. De qual lado você gostaria de estar?
Com uma descrição como essa, a resposta é evidente. “Claro que, no passado, as mulheres achavam que a vida dos homens era muito mais divertida – e elas não paravam de reclamar sobre quanto suas rotinas eram ruins. A verdade é que erramos muito no marketing! E vamos combinar que nem o trabalho fora é tão cheio de glamour nem todas as tarefas domésticas são tão chatas quanto dizem”, comenta a psicóloga Lídia Aratangy, autora de livros como Novos Desafios da Convivência: Desatando os Nós da Trama Familiar (Ed. Rideel). Então, se quiser ter mais chances na hora de negociar a divisão, experimente parar de falar quanto lavar a louça é chato. A mudança não vai acontecer de uma hora para outra, mas já é um começo.
3. Nova família, novas regras
“Quando vamos viver juntos, unimos duas pessoas que cresceram em famílias diferentes – e é preciso compreender que isso exige adaptações. Pode ser que o pai do parceiro não fizesse nada em casa e foi esse o modelo que ele teve”, explica o psicoterapeuta Luiz Cushnir, autor de, entre outros títulos, Como Mulheres Poderosas se Tornam Mulheres Conquistadoras (Ed. Planeta). Sim, é preciso respeitar as experiências de cada um, mas elas não devem servir de desculpa para não se fazer nada. Aconteceu com a designer Luciana Gianesi Diegues, que já morava sozinha quando se casou com o economista Guilherme, que morava com os pais e tinha sempre alguém para arrumar as coisas por ele. “Expliquei que, se ele tirasse tênis e deixasse na sala, o par não iria magicamente para o lugar. Ficaria lá para sempre”, conta. Ela diz que o processo foi bem natural e, hoje, com Bruna, 10 meses, eles dividem tudo: desde dar banho na menina até levar a cachorra Zara para passear e lavar a louça das refeições.

Fonte: Crescer

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