Projeções de Eli Sudbrack nas paredes alteram a ambiência interna
Caverna urbana entrelaça moda e arte
Fica no Soho - bairro das galerias de arte e das lojas de grifes internacionais -, a Galeria Melissa de Nova York, aberta em fevereiro deste ano. Nessa fusão de loja e local de exposições predomina a intensa alvura intercalada à malha irregular das juntas de pisos e paredes, uma combinação que se presta tanto à mostra e venda de produtos como à realização de eventos de arte e moda. O espaço tem autoria compartilhada pelo estúdio Pascali Semerdjian Arquitetos e Edson Matsuo (conceito) e pelo escritório MW Arquitetura (desenvolvimento arquitetônico).
Uma das mais tradicionais marcas de calçados do país (criada em 1979 pela Grendene, grupo que atualmente é o maior exportador brasileiro do setor), a Melissa vem sendo reinventada nos últimos anos.
Diante da concorrência dos calçados importados da Ásia, o caminho foi reposicionar a marca investindo maciçamente em design de produtos e espaços - neste caso, com a abertura das chamadas lojas‑conceito. A primeira foi projetada por Muti Randolph e fica na rua Oscar Freire, em São Paulo.
Em Nova York, a loja/galeria fica na Greene Street, no Soho, em um imóvel histórico cuja fachada, tombada, recebeu discreto trabalho de recomposição do aspecto original.
O projeto incluiu a recomposição do desenho original da fachada tombada
O vazio da escada é considerado o epicentro da loja/galeria, de onde partem as mutações gráficas da cenografia
A ideia para a unidade norte-americana foi criar uma caverna urbana branca, revela o arquiteto Sarkis Semerdjian, sócio do escritório Pascali Semerdjian.
Essa proposta “foi sugerida pelo próprio imóvel, estreito e comprido, procurando interferir o mínimo possível na exposição dos produtos e nas mostras artísticas”, ele explica.
A referência à caverna estendeu-se aos expositores de desenho orgânico, que lembram esculturas minerais tradicionalmente encontradas em grutas naturais.
Para admitir o funcionamento tanto como loja quanto como local de eventos, o desenvolvimento do projeto tomou a flexibilidade como uma de suas características, diz a arquiteta Moema Wertheimer, titular do escritório MW Arquitetura.
Artistas são convidados a intervir temporariamente no ambientes, em um processo que é facilitado pela alvura interna.
Entremeando as superfícies brancas de pisos, paredes e forros, as juntas de transição entre os materiais retratam o mapa das ruas do bairro.
O epicentro do espaço é o vazio da escada, que Moema e Semerdjian definem como o “buraco” na loja. É ali que acontecem as projeções e onde fica o sistema de som independente do resto da unidade, ambos pensados para receber as intervenções dos artistas.
Acentuadamente longitudinal, a galeria tem nas paredes e pisos sutil marcação que retrata o mapa do Soho
A alvura dos interiores procura interferir o mínimo possível na visualização dos produtos
O projeto audiovisual desse setor foi desenvolvido em parceria com o Estúdio Preto e Branco. “Na loja/galeria, não existem cantos retos e o piso parece fundir-se com as paredes. As fronteiras entre um e outro são diluídas”, argumenta Moema.
Umas das tarefas de escritório foi encontrar produtos que acentuassem essa sensação. O piso precisava ser resistente e antiderrapante (trata-se de uma loja de rua) e recebeu pintura em epóxi.
Para as paredes, que em algumas situações seriam mais exigidas, foi adotada uma fibra de vidro que tem resistência similar à do concreto e a facilidade de moldagem do gesso.
Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 389 Julho de 2012
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 389 Julho de 2012
Detalhe de um dos expositores de produtos, com desenho orgânico
Acentuadamente longitudinal, a galeria tem nas paredes e pisos sutil marcação que retrata o mapa do Soho
Fonte: Arco Web
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