sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O branco clássico combinado com cores variadas deixam o ambiente convidativo e estonteante

Sala de jantar | A partir do escritório, vê-se o ambiente com mesa Dart e cadeiras Strip, ambas da Poliform. Pendentes E27, da Micasa. A foto, ao fundo, é de Tuca Reinés, e o grafite, criado por Binho Ribeiro (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
Living | Abaixo do grafite de Binho Ribeiro, o bufê Axia, design de Paolo Piva para Poliform, serve o ambiente de refeições. No estar, há o sofá Extrasoft, design de Piero Lissoni para Living Divani. O tapete é da By Kamy (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
O polvo e o peixe são gigantes, plácidos, multicores. Parecem nadar em águas de um azul evanescente, substituído pelo mais claro dos tons. Nesse oceano branco, surgem ainda, em vez de outros seres marinhos, pequenas cenas do Cristo Redentor, Corcovado, Pão de Açúcar... A imagem é onírica, mas torna-se real – por meio degrafites – no living do luminoso apartamento de David Bastos, no Rio de Janeiro. “A street art invadiu a casa”, comenta o arquiteto baiano. Para tanto, convidou o artistaBinho Ribeiro, livre para criar.
Living | No centro, os módulos Pasticca, design de Piero Lissoni para Living Divani, unem-se às mesas Vulcano, design de Paola Navone para Poliform Hall de entrada | Pedra portuguesa forra as paredes da área, que tem diáfanas cortinas, além de banquinhos  (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
Além dessas e outras obras, como fotos e gravuras, os 200 m2, a poucos passos da praia de Ipanema, compõem-se de móveis e luminárias atuais, a maioria de design assinado, e pitadas de antiguidades. Com raríssimas exceções, quase tudo é branco. “Empreguei essa cor, tanto nas peças quanto nos acabamentos, para enfatizar a luz natural da cidade”, explica. A monocromia não cansa? “o segredo está nas texturas diversas, que brincam com o olhar e o tato”, diz o arquiteto. Na parte social, o couro do sofá junta-se à felpa dos tapetes e à laca da mesa de jantar. É um jogo entre igualdade e diferença, em que se destaca a vibração da street art.
Quarto principal | Na saleta integrada, os estofados, revestidos de sarja, da Jocal. Ao lado da cama da Madeira Bonita, há o criado-mudo patinado da Caloula Filho Antiguidades. As luminárias de mesa Ita, da Reginez, são da OmniLight – mesma loja dos pende (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
Quarto principal | Entre as cortinas do quarto principal, a vista da praia de Ipanema Saleta | Detalhe da porta de entrada com maçaneta cristalina trazida de viagem (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
A partir das rosetas, no teto, criei uma iluminação baseada em pendentes que se distribuem pelos espaços. " David
cor neutra teve outra função: uniformizar aspectos da arquitetura de interiores original. O imóvel fica em um dos primeiros prédios da orla, erguido em 1935. “Mantive, ao máximo, o que havia”, lembra David, que nem alterou a distribuição da planta. Estão lá os mesmos pisos de madeira e as mesmas portas, molduras de gesso e rosetas no teto – tudo equacionado pela claridade. À parte a reforma premente das áreas molhadas, o profissional deixou o protagonismo para a memória do lugar e apostou na contemporaneidade da ambientação descontraída.
Quarto de hóspedes | O armário com venezianas é original do apartamento. A luminária Papirus, da Reginez, veio da OmniLight Quarto de hóspedes | Reproduções de gravuras da coleção de Paulo Geyer pontuam a parede de outro cômodo de hóspedes. Ao lado da cam (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
A porta do living localiza-se ao final do hall de entrada, marcado por paredes de pedra portuguesa. Antes dela está a passagem para a cozinha e os dois quartos de hóspedes, além do closet e da suíte principal, com uma simpática saleta integrada ao dormitório. Embora o visual suave domine o setor íntimo, o banheiro do proprietário contrasta com o restante. Mármore nero marquina reveste as paredes, cortinas de veludo preto resguardam o boxe, um espelho antigo com moldura dourada encima a pia. “É um toque de glamour do passado.”
Banheiro de hóspedes | A mesa e o espelho do século 19, com moldura de ouro brunido, são da Caloula Filho Antiguidades. Louças e metais da Deca. Paredes revestidas de limestone, da MG Mármores e Granitos, e cortina de veludo molhado da Tecdec junto do box (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
Banheiro principal | A cortina de veludo molhado da Donatelli, junto do boxe, combina com o mármore nero marquina, da MG Mármores e Granitos (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
Mais formal ou despojado, David Bastos conta com outras duas moradas: em Salvador e São Paulo, onde mantém escritórios. Em suas temporadas no Rio – que completa uma triangulação estratégica para ele –, até poderia instalar-se em hotéis de luxo, mas preferiu investir em um lar próprio, com um pequeno canto de trabalho. “não gosto de arrumar e desarrumar malas”, justifica. Tanto que, em viagens de férias ao exterior, costuma ficar, o máximo possível, em uma só paragem. Com isso, o arquiteto evita aquele enfadonho ritual, além de poder conhecer e sentir mais intensamente o lugar. Como faz na cidade (ainda) maravilhosa.
Escritório | Com cadeira Setu, da Herman Miller, o espaço do arquiteto tem marcenaria executada pela Ornare. O pôster veio da Thomaz Saavedra, e as latas, design Bibi, da Micasa (Foto: Tuca Reinés e Denilson Machado/ MCA Estúdio)
Diga sim ao grafite
“street art é, por si só, uma expressão artística que pode estar em qualquer lugar, inclusive em casa”, diz David Bastos. Para ele, grafites caem bem tanto em ambientes públicos quanto privados, sejam mais simples ou mais clássicos. Para proteger as obras, sugere exibi-las em locais de menor circulação. “É um tipo de arte livre e, economicamente, menos extorsiva”, considera. O trabalho, dependendo da proporção, pode levar dias. Além de Binho Ribeiro, autor dos desenhos exibidos nesta reportagem, o arquiteto indica o artista Gen Duarte.
 

Fonte: Casa e Jardim

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