Todo
mundo já sabe que a moderação é um dos segredos da boa alimentação. Porém,
quando aparece aquele bolo de chocolate, você não consegue ficar só no primeiro
pedaço? "Saiba que a gula está associada ao exagero consciente de algo que
a pessoa goste ou de uma refeição que esteja muito saborosa", explica Marjorie Vicente, especialista em psicologia da imagem.
Para
algumas pessoas, os episódios de descontrole começam a ficar tão frequentes que
o ato de comer se torna mais importante do que o alimento. E pior ainda: não há
qualquer tipo de prazer.
"A
compulsão se caracteriza por uma verdadeira farra alimentar, seguida pelos
sentimentos de culpa e autoreprovação", define a psicóloga Luciana Kotaka, coautora do livro Comportamento magro com saúde e prazer.
Para os
compulsivos, quanto mais rápido o seu desejo for satisfeito melhor. Por isso,
fast-foods, doces e comidas prontas se tornam as guloseimas prediletas. E é aí
que entra outro tormento: esses alimentos são calóricos. A situação vira um
círculo vicioso: o indivíduo começa a ganhar peso, resolve fazer um regime
severo e, uma hora ou outra, não aguenta, voltando a comer tudo o que vir pela
frente.
"Notamos
que a maioria dos pacientes que ficam um mês sem comer chocolate acabam comendo
uma barra inteira quando se deparam com uma. Por isso, profissionais que
trabalham com transtornos alimentares não são a favor de dietas, e sim da
reeducação", justifica Marjorie.
Atenção: não fique com a ideia errada de que
compulsão é exclusividade dos gordinhos. Muitas pessoas não têm tendência para
engordar, mas possuem hábitos alimentares péssimos e fazem inúmeros exageros
Outro
conceito equivocado é acreditar que o problema só atinge as mulheres.
"Elas procuram tratamento com uma frequência maior em função da cobrança
pelo corpo magro; porém, isso está mudando", analisa Luciana Kotaka.
Identificando
o transtorno
Ao ler
este texto, você percebe que possui algumas características semelhantes às já
citadas? Então, fique atento e reflita sobre os sintomas da compulsão alimentar
listados pelas especialistas:
–
Empanturrar-se sem ter fome nenhuma.
– Comer
rápido sem notar o sabor e achar que precisa de grandes quantidades.
– Optar
por fazer as “farras” quando está sozinho. "Assim, a pessoa não tem o
olhar alheio como uma forma de controle", explica a psicóloga Marjorie.
–
Esconder os alimentos para não ter que dividir.
– Após os
ataques de gula, sentir-se culpada, impotente e até com repulsa das próprias
atitudes.
– Ter a
comida como o centro das atenções. "O indivíduo mal almoça e já pensa no
lanche da tarde", exemplifica Luciana.
Estar
insatisfeito com o corpo e, ainda assim, não conseguir deixar de “comer
bobagens”.
–
Apresentar o típico comportamento extremista: ou não come nada ou devora tudo.
Mas de
onde vem esse exagero?
Ainda que
os sintomas estejam bem evidentes, a origem do Transtorno de Compulsão
Alimentar Periódica (TCAP) pode ser desencadeada por inúmeros fatores, sejam
eles biológicos, emocionais ou até socioculturais.
"A
comida, por estar mais disponível, acaba sendo um excelente meio de aplacar
sensações desagradáveis, como tristeza, solidão e estresse", acredita
Luciana.
Por isso,
não tem jeito: além da nutricionista, é necessário procurar um terapeuta que
ajude você a entender o que está fazendo com que você precise tanto de comida.
Em alguns casos, de acordo com o diagnóstico, é preciso também medicação psiquiátrica.
Segundo Marjorie, "Não falamos em cura, mas
em recuperação. A pessoa que já sofreu qualquer tipo de transtorno alimentar
deverá ficar atenta para o resto da vida, sobretudo em situações
estressantes"
Outras
relações perigosas
Além do
TCAP, existem outros tipos de hábitos alimentares indicativos de que algo está
errado. Conheça alguns deles:
Síndrome
do Comer Noturno (SCN) – Você acorda durante a noite para assaltar a geladeira? Então, é
melhor ficar atento. Quem sofre desse problema costuma não comer praticamente o
dia inteiro e, após a última refeição, chega a ingerir 50% do consumo calórico
diário. "Porém, só podemos fechar esse diagnóstico quando o comportamento
ocorre, ao menos, durante três meses consecutivos", pondera Luciana.
Bulimia – Neste caso, após um
episódio de compulsão, o paciente se sentirá tão culpado que tentará se livrar
daquele exagero usando métodos como laxantes, vômito induzido ou até mesmo
exercícios físicos. A autoestima destes pacientes costuma ser bastante influenciável
pela maneira como eles se enxergam.
Anorexia – Um dos motivos do
transtorno é o medo excessivo de engordar, mesmo que a paciente esteja abaixo
do peso. "Existem dois tipos: a restritiva, em que a pessoa começa a
radicalizar e eliminar praticamente todos os tipos de alimentos calóricos, e a
bulímica, na qual ela busca o emagrecimento por meio de métodos compensatórios
e/ou purgativos", distingue Marjorie.
Transtorno
Alimentar Não Especificado (TANE) – É caracterizado por relações anormais com a
comida, mas os indivíduos não preenchem os critérios para os diagnósticos
citados acima.
Permitir-se
o prazer de comer o que gosta e cometer eventuais excessos faz parte de
alguns bons momentos da vida, mas lembre-se: é sempre importante estar atento
aos sinais do seu corpo e ao seu bem estar físico e emocional. Quando perder o
controle passa a ser uma constante pode ser a hora de procurar ajuda.
Fonte: Vital
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