quarta-feira, 12 de junho de 2013

Veja algumas dicas do que fazer quando seu filho fica doente e você precisa sair do trabalho

Bruna Menegueço

 Shutterstock
Perceber que seu filho está mais quieto, sem tanta energia para brincar e ao colocar a mão em sua testa sentir que ele está com febre. A cena é comum e você – certamente - já deve ter passado por ela muitas vezes. Então, você começa a buscar as soluções. Um banho, um antitérmico. Fato é que nada funcionou e é preciso levá-lo ao pediatra logo ao amanhecer. Mas e o seu trabalho, o que fazer? 

Bate aquela ansiedade de ligar para o chefe para avisar – mais uma vez – que seu filho está doente. Uma pesquisa feita pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, com 310 pais e mães de crianças menores de 6 anos mostrou que esse sentimento acontece no mundo todo. Cerca de 100 pais afirmaram que ficam preocupados em perder o emprego quando têm que se ausentar para cuidar dos filhos. 


Por aqui, a situação é exatamente a mesma. Em uma pesquisa feita no Facebook da CRESCER , 75% dos 28 leitores que participaram da enquete afirmaram que têm medo de perder o emprego, ser mal visto pelos outros funcionários, mas, ao mesmo tempo, sentem culpa por deixar o trabalho para cuidar do filho. E você sabe que criança doente não pode ir para o berçário ou para a escola. Ou seja, lá se vão mais dias até seu filho se recuperar totalmente e voltar à rotina. 

“Infelizmente, a lei trabalhista é omissa nesse ponto, por isso, o ideal é que as empresas tenham um regulamento interno que resolva essa questão”, diz o advogado Daniel De Lucca e Castro, gerente da área trabalhista do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia. A boa notícia é que dois projetos de lei (PL) tramitam pela Câmara dos Deputados e Senado com o objetivo de melhorar essa situação para os pais e mães que trabalham. O PL 137/2010, da deputada Sandra Rosado (PSB-RN), permite que o pai acompanhe o filho em caso de doença e consulta médica. O texto já foi aprovado na Câmara e está no Senado, onde aguarda análise da Comissão de Assuntos Sociais. O PL 3738, do deputado Manoel Junior (PMDB-PB), pretende abonar faltas dos pais que forem acompanhar os filhos em consultas médicas, procedimentos, exames ou internação. O projeto aguarda votação em plenário. 


“As leis precisam ser mais flexíveis que permitam que as empresas tomem decisões mais adequadas e dê respaldo legal a elas”, diz o consultor de RH Edson Bertaglia, sócio da Valorarh Desenvolvimento Humano e Organizacional. 

Enquanto esses projetos de lei não são aprovados, a saída é usar as ferramentas que você tem em mãos. A primeira delas é pedir ajuda à família e aos amigos, caso eles estejam por perto, mas sem sobrecarregar ninguém. É claro que sua mãe é a pessoa em quem você mais confia, mas ela pode ter outros compromissos e então vale a pena poder contar com uma tia ou um amigo também. 

Se esse não for o seu caso, então, é preciso conversar com o chefe e negociar a situação. Foi assim com a advogada Luciana Ferreira, 32 anos, mãe do Felipe, 4 anos. Poucos meses após entrar na escola, Felipe teve pneumonia e precisou ficar em casa durante 15 dias para fazer o tratamento. Sem família por perto e com o marido, o engenheiro Rodrigo Gheiz, 36 anos, envolvido em um novo projeto, Luciana pediu ajuda à sua chefe. “Ela sugeriu que eu trabalhasse em casa. Dessa forma, pude me organizar e aproveitar os horários mais tranquilos para fazer o trabalho. Eu me esforcei para dar conta de tudo e aproveitar a chance que ela havia me dado”, diz Luciana. 


Existem outras possibilidades como a concessão de férias, licenças remuneradas e não remuneradas. “Uma empresa que adota posturas mais flexíveis e humanizadas contribui muito para um sentimento maior de engajamento e fidelidade de seus funcionários. Desenvolve uma ligação emocional, que melhora o ambiente e, consequentemente, a produtividade”, completa Bertaglia. 

Outro ponto a ressaltar é dividir os cuidados com o pai. E vamos ser realistas. As mães, ainda hoje, ficam com boa parte do trabalho – quando não com o pacote completo. 

Ok, não adianta reclamar, mas então o que você pode fazer? Primeiro assumir que você não é essencial em todos os momentos. “Temos uma dificuldade enorme em abrir mão de estar presente quando nosso filho está doente, mas é preciso delegar ao pai também”, diz a psicóloga Cecília Troiano, autora de dois livros sobre o tema, Vida de Equilibrista - Dores e Delícias da Mãe que Trabalha (Ed.Cultrix) e Aprendiz de Equilibrista(Ed. Évora). E a psicóloga Lídia Aratangy, autora de livros como Novos Desafios da ConvivênciaDesatando os Nós da Trama Familiar (Ed. Rideel) completa: “As mulheres precisam deixar de considerar como “ajuda” a participação do parceiro nas tarefas domésticas”. 

Feito isso, novas possibilidades se abrem. Vocês podem combinar de alternar os dias de faltar ao trabalho. Assim, se seu filho ficar doente por dois seguidos, você só vai “perder” um. Ou então trabalhar por meio período. Por exemplo, o pai fica de manhã enquanto você vai trabalhar e depois a situação se inverte. Esse foi o combinado que o casal Alexandre Gomes, 42 anos, e a sua esposa Mariana Gomes, 41, fez quando a filha Sofia, 5 anos, teve catapora. Como são vendedores, o salário é composto pelas comissões das vendas feitas durante o mês. Por isso, ambos precisavam estar no escritório em, pelo menos, um período do dia. 

No final, tudo vai dar certo. Mas há, ainda, um outro motivo para você se tranquilizar. Em geral, as doenças são mais comuns nos primeiros anos, logo que as crianças saem de casa e passam a frequentar creches e escolas. Depois eles adquirem mais resistência e imunidade e essas doenças vão diminuir consideravelmente.
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Fonte: Crescer

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