Há poucos dias, um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que batons e brilhos labiais oferecem risco de contaminação com metais pesados.
Agora foi a vez de pesquisadores brasileiros anunciarem o desenvolvimento de uma técnica que permite identificar, em segundos, todos os componentes químicos presentes ou não na formulação de produtos de beleza.
E os resultados para os produtos brasileiros não foram nada animadores.
A nova plataforma, batizada de Cosmetômica, oferece até 99% de acerto, o que pode garantir a fabricantes e consumidores a qualidade e a segurança de produtos.
A técnica foi desenvolvida por Mônica Siqueira Ferreira, Diogo Noin de Oliveira e Rodrigo Ramos Catharino, da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas).
Problemas dentro do prazo de validade
Para testar a nova técnica, o grupo analisou as principais marcas de esmaltes, batons e lápis de olho à venda no Brasil - as marcas analisadas não foram reveladas.
Dentre as descobertas feitas pelos pesquisadores, algumas constatações preocupantes:
- três das nove marcas de esmalte investigadas apresentaram em sua composição taxas elevadas de SUDAM III, uma substância considerada potencialmente cancerígena;
- um dos produtos em uso apresentou mudanças significativas em algumas características sensoriais, como odor rançoso, antes mesmo do vencimento do prazo de validade;
- um dos produtos analisados não tinha um dos componentes hidratantes descritos no rótulo.
O maior problema foi encontrado nos lápis para os olhos dentro da data de validade. Segundo os pesquisadores, todas as amostras mostram potencial para causar irritação ocular ou até mesmo criar um ambiente propício para infecção.
Os pesquisadores também analisaram intencionalmente uma amostra de lápis para os olhos com a data de validade vencida. O produto apresentou substâncias que, além de irritações e alergias, podem tornar o ambiente ocular propício para proliferação de microrganismos causadores de infecções na região.
No caso dos batons em uso, os componentes ficaram oxidados (perderam sua função) antes do prazo de validade descrito pelo fabricante.
"Nos batons, as modificações na composição química podem ocorrer devido ao contato com a saliva e outros compostos em torno da boca. No caso dos lápis de olho, constatamos que a oxidação ocorreu sozinha, mudando o pH da fórmula, o que é um risco para quem usa esse tipo de produto", explicou Diogo.
No caso dos esmaltes, o Sudam III foi escolhido devido ao seu potencial risco cancerígeno e por ser um corante comum para cosméticos. Os riscos para saúde estão associados à ingestão acidental do corante devido ao hábito de roer as unhas ou em atividades domésticas comuns, como cozinhar ou assar. O Sudam III está presente nos esmaltes azuis ou marrons, em sua maioria.
Atualmente, o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de cosméticos do mundo, o que mostra a importância de garantir qualidade e a segurança aos seus produtos.
Segundo os pesquisadores, algumas indústrias de cosméticos já demonstraram interesse pela Cosmetônica, de forma a avaliar seus produtos antes que eles cheguem ao mercado.
Fonte: Diário da Saúde
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