Os arcos da passarela qualificam a paisagem urbana e também servem de referência visual à estação
Na Cidade Nova, a estação dos arcos
A passarela que conecta a avenida Presidente Vargas à estação metroviária Cidade Nova é sustentada por arcos metálicos, que redefiniram a paisagem naquele trecho da capital fluminense. Desenhadas pelo escritório JBMC Arquitetura e Urbanismo, a passarela e a estação - esta também equacionada com o uso de componentes metálicos - encontram-se em área cogitada para receber a futura parada do trem de alta velocidade.
A mais recente estação de metrô a entrar em funcionamento no Rio de Janeiro, a parada Cidade Nova foi implantada junto à avenida Presidente Vargas, defronte da prefeitura, numa área de transição entre o centro e a zona norte da capital.
Dos projetos de João Batista Martinez Corrêa no Rio de Janeiro, é um dos mais expostos ao olhar, condição reforçada por estar conectada a uma passarela de desenho impactante e que causou polêmica na cidade.
Inicialmente, a concessionária Metro- Rio cogitou contratar para o trabalho o escritório de Norman Foster, que teria no Brasil a retaguarda da equipe do JBMC, relatou Corrêa.
Por uma série de circunstâncias, o contato com o arquiteto britânico não prosperou e o estúdio brasileiro foi então recomendado pela Promon Engenharia para projetar tanto a estação como a passarela, que transpõe as pistas da Presidente Vargas e o canal do mangue que corre entre as faixas da avenida.
A estação Cidade Nova utiliza estrutura metálica e tem forma abobadada
Os arcos da passarela qualificam a paisagem urbana e também servem de referência visual à estação
Os arcos posicionados sobre a avenida se aproximam na parte mais alta; os arcos no tramo mais curto e mais largo se distanciam em seu ponto superior
Um dos obstáculos enfrentados pelo escritório, segundo Corrêa, foi seguir o rígido cronograma e o prazo curto para o trabalho: o projeto teve início em setembro de 2008 e foi concluído em março do ano seguinte. “Sem dados precisos, começamos a pensar na solução antes de termos assinado o contrato”, ele recorda.
As informações que a equipe tinha eram de caráter genérico - por exemplo, a necessidade de, para transpor a avenida, projetar uma passarela que deveria ter espaço para atividades comerciais.
Embora na construção aspectos considerados importantes por Corrêa tivessem sido negligenciados, a essência da solução permaneceu.
Para a passarela, foi escolhida como material básico a estrutura metálica. A peça é composta por três conjuntos de arcos em seção tubular, sendo os dois primeiros constituídos por dois planos inclinados que se aproximam na parte mais alta da passagem, no meio do vão.
No último tramo, mais próximo da estação, os arcos estão também contidos em um plano inclinado, mas se afastam em sua parte mais alta. “A solução em arcos foi adotada pela necessidade de vencer grande vão sobre a avenida e pela beleza a ser incorporada à paisagem”, justifica Corrêa.
Para o autor, a referência visual ajuda o usuário na identificação da estação metroviária, que é pouco visível para quem se encontra no eixo da avenida.
Arcos do tramo mais longo se cruzam sobre o canal do mangue
O cruzamento dos arcos observado de dentro da passarela
A estação/passarela é um dos projetos de Martinez Corrêa mais expostos ao olhar
No trecho sobre a via, a passarela tem quase 140 metros. No seguinte, ela se alarga para acomodar a linha de bloqueios, bilheteria eletrônica, posto de supervisão e outras áreas vinculadas à operação da estação.
A proposta compatibilizou a arquitetura da estação à da passarela. “Procuramos formar um conjunto harmônico que, de forma simplificada, remete às antigas pontes ferroviárias”, argumenta o arquiteto.
A seção da estação é uma abóbada em estrutura metálica, apoiada junto ao muro que separa a propriedade do metrô do terreno da Rede Ferroviária Federal. Voltar a abertura da abóbada para a avenida foi uma sugestão do projeto, pois essa disposição oferece vista do contexto urbano.
A edificação/estação é formada por três pavimentos: plataforma, mezanino e piso técnico. “Os dois primeiros distanciam-se um do outro por altura de, aproximadamente, quatro metros”, detalha Corrêa. Ventilado naturalmente, o andar técnico (porão de cabos), abaixo da plataforma, possui pé-direito de dois metros.
O metrô Cidade Nova, que integra a linha 2 do trecho que liga a Pavuna a Botafogo, apresenta circulação de aproximadamente 10 mil usuários por dia. O trabalho também considerou cenários futuros para aquela região, que ainda comporta adensamento.
Nesse sentido, estão alinhavados pontos que permitirão tanto atender ao aumento da demanda de passageiros na estação como a interligação desta com a estação rodoviária e uma possível parada do trem de alta velocidade.
Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 380 Outubro de 2011
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 380 Outubro de 2011
João Batista Martinez Corrêa(FAU/Mackenzie, 1967), titular do escritório JBMC Arquitetura e Urbanismo, fundado em 1997, desenhou várias estações do metrô do Rio de Janeiro. Seu projeto para o Complexo Rubem Braga, em Ipanema, na capital fluminense, é um dos finalistas da edição deste ano do World Architecture Festival (WAF)
Da estação avista-se a avenida, em primeiro plano, e, do outro lado, o edifício da prefeitura carioca
A proposta da estação levou em consideração o possível aumento da demanda de usuários
A estação Cidade Nova integra a linha 2 do metrô carioca
A estação se distribui em três pavimentos: plataforma, mezanino e piso técnico
O mezanino está pendurado em uma estrutura abobadada que se abre para a avenida
No interior da estação, tubos metálicos arredondados determinam a forma do conjunto
Fonte: Casa e Jardim
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